sexta-feira, 8 de setembro de 2017

O serviço, ou a “obra”



1 CORÍNTIOS 4


A instrução em 1 Coríntios 3 tem o serviço, ou a “obra”, mais especialmente em
vista. (Ver versos 8, 13, 14 e 15.) O ensino em 1 Coríntios 4 refere-se mais
definitivamente ao ministro.

Os crentes coríntios andavam como os homens (1 Co 3:3),
e por essa razão fazendo muito do homem comum e do homem do mundo. Estando
acostumados ao mundo em torno deles com as escolas de opinião sob a liderança de
diferentes filósofos, foram tentados, de forma semelhante, a formar partidos diferentes
sob a liderança de homens dotados na igreja de Deus. Para corrigir essas idéias
mundanas e práticas incorretas, o apóstolo coloca diante de nós a verdade quanto aos
ministros de Cristo em relação a Cristo e ao mundo.

(Verso 1). A igreja dos coríntios tinha procurado fazer dos irmãos dotados líderes
de partidos. O apóstolo os lembra que, apesar de serem os centros da reunião do povo de
Deus, estes homens dotados eram na verdade “ministros”, por isso nos lembra das
próprias palavras do nosso Senhor: “Aquele que quiser entre vós fazer-se grande seja
vosso serviçal; e, qualquer que entre vós quiser ser o primeiro, seja vosso servo” (Mt
20:26, 27). Além disso, embora tomassem o lugar de ministros, não eram ministros de
partidos, mas “ministros de Cristo”.

A palavra usada para “ministro”, ou “servo”, nesta
passagem implica, nos é dito, em “um servo indicado”. Paulo e os seus co-obreiros eram
ministros pela indicação de Cristo. Isto é importante, pois Aquele que indica é Aquele a
quem temem e a quem o ministro terá que responder. No cristianismo, como está
estabelecido na Escritura, o verdadeiro ministro, sendo “ministro de Cristo”, é liberto do
temor de homens e por essa razão é capaz de anunciar a plena verdade com grande
clareza de retórica.

Além disso, os ministros de Cristo são os “despenseiros dos mistérios de Deus”,
não os mistérios profanos relacionados ao mundo bárbaro pelo qual os coríntios estavam
rodeados, mas as verdades preciosas de Deus, mantidas em secreto durante os dias do
Velho Testamento, expostas em conexão com Cristo na glória, reveladas pelo Espírito
Santo aos apóstolos, e recebidas pelos crentes. Como ministros de Cristo eram servos
Daquele que o mundo tinha rejeitado, e como despenseiros dos mistérios de Deus eram
os mordomos das coisas que o mundo, como tal, possivelmente não podia compreender.
Conseqüentemente nem os ministros de Cristo nem os despenseiros dos mistérios de
Deus possivelmente podem ser populares para o mundo.

(Verso 2). O apóstolo passa a mostrar que a grande característica requerida em
uma mordomia não é a inteligência, nem a eloqüência, nem a popularidade, mas a
“fidelidade”. Isto está de acordo com o próprio ensinamento do Senhor, quando falou:
“Qual é, pois, o mordomo fiel e prudente” (Lc 12:42). Mais tarde, quando perto do seu
fim, o apóstolo pode escrever a Timóteo: “E o que de mim, entre muitas testemunhas,
ouviste, confia-o a homens fiéis” (2 Tm 2:2). Nós, assim como os santos coríntios, às
vezes podemos avaliar os ministros pelo seu conhecimento ou pelos seus dons; mas o
valor espiritual à vista de Deus é medido pela fidelidade deles.

(Versos 3-5). Ademais, a fidelidade é em relação Àquele que indica. Por isso o
apóstolo pode dizer: “Todavia, a mim mui pouco se me dá de ser julgado por vós, ou
por algum juízo humano”. Ele não diz que o julgamento deles não importa, mas que é
de pouca importância. Nem ele confia em seu próprio julgamento de si mesmo. Ele não
está consciente de algum motivo incorreto em si mesmo, mas isto não o justificará de
toda infidelidade diante do Senhor, que conhece os conselhos secretos do coração, e por
isso pode sozinho estimar a medida da fidelidade em cada um dos Seus ministros. Isto
não será conhecido “até que o Senhor venha”. Por isso o verdadeiro ministro não olha,
ou dá grande valor, para a aprovação dos homens.

Quão freqüentemente nas mesmas
coisas nas quais os santos nos louvam podemos encontrar a obra da carne em algum
motivo egoísta pelo qual temos que julgar a nós mesmos diante do Senhor. Por isso, não
devemos julgar antes do tempo. Tanto a condenação como o louvor dos homens podem
estar igualmente errados. Na vinda do Senhor a mordomia do ministro será avaliada em
seu verdadeiro valor. “Então cada um receberá de Deus o louvor”. Isto dificilmente
implica que todo homem será louvado, mas que todo homem que for louvado será
louvado por Deus. Os homens julgam pela aparência exterior; o Senhor leva em conta
“as coisas ocultas das trevas” e “os desígnios dos corações”. Quanto que um ato que
agora tem a aparência de grande fidelidade pode então ser descoberto ter sido incitado
por algum motivo indigno!

É bom observar que, quando o apóstolo nos exorta a “não julgar antes do tempo”,
ele não está falando das palavras ou ações dos ministros, mas dos seus motivos ocultos.
O apóstolo, nesta mesma epístola, muito definitivamente julga, e condena muitas coisas
que esses crentes coríntios estavam tanto dizendo como fazendo. Outras Escrituras
mostram claramente que na questão da comunhão, da conduta e da doutrina, os
ministros dotados, em comum com todos os santos, são receptivos à disciplina da igreja,
e que a igreja é responsável em julgar tais questões.

Infelizmente, não temos que admitir que essas exortações foram completamente
deixadas de lado nos grandes sistemas humanos da cristandade onde os ministros, em
vez de serem indicados por Cristo, são indicados por homens ou escolhidos por uma
congregação? O resultado tem sido que os mistérios de Deus foram quase que
completamente negligenciados, e a maioria dos ministros têm sido mais cuidadosos em
conservar a popularidade para com os homens do que manter a fidelidade a Cristo.
(Verso 6). Esses princípios quanto ao serviço e a fidelidade o apóstolo tinha
aplicado a ele e a Apolo para expor o abuso dos irmãos dotados no meio deles sem na
verdade mencionar qualquer nome, evitando assim todo comentário deselegante. Ele
não queria que pensássemos dos homens além daquilo que está escrito na palavra do
Deus, e assim evita exaltar um homem acima do outro.
(Verso 7). Daqueles que poderiam estar buscando uma posição inadequada entre
os santos, ele pergunta: “Quem te diferencia?”. Se, por causa de um dom, o ministro de
alguma maneira se diferenciava de outros, ele não tinha nada que não tivesse recebido.
Se era um dom, era dado e não adquirido por mérito. Onde, então, estava a razão para
jactar-se? A menos que esteja perto do Senhor e fortalecido na Sua graça, quão débil é o
mais dotado ministro! A menos que a carne esteja julgada pela Cruz, e o Espírito não
agravado, conforme o ensinamento de 1 Coríntios 1 e 2, o ministro, ao em vez de usar o
seu dom em fidelidade ao Senhor e para abençoar o Seu povo, está em perigo constante
de buscar usá-lo para se exaltar.

(Verso 8). Para expor a loucura daqueles que procuravam se exaltar por causa dos
seus dons, o apóstolo delineia um contraste entre a atual porção da igreja dos Coríntios e
a porção futura do ministro fiel no dia do Senhor, do qual esteve falando. O “já” do
verso 8 está em contraste com o “então” do verso 5. Os crentes coríntios buscavam o
louvor dos homens “já” no tempo e lugar de rejeição de Cristo. O ministro fiel terá o
louvor de Deus “então” no dia da glória de Cristo. Eles tinham procurado usar a
cristandade para se enriquecerem e reinarem como reis; mas, diz o apóstolo, é “sem
nós”. Ele desejava que o tempo de reinar viesse, mas ainda estamos no mundo no qual
Cristo tem sido rejeitado, e pelo qual Ele foi pregado a uma Cruz; evidentemente, então,
não é nem tempo nem lugar dos seguidores de Cristo reinar como reis. A cristandade

caiu neste laço dos coríntios, pois de todas as formas os cristãos professos buscam o
favor do mundo, tentam dirigir o seu curso e ganhar o seu aplauso.
(Verso 9). O seguidor fiel de Cristo não buscará nem obterá o poder ou louvor
neste mundo. A sua porção será a do sofrimento e reprovação “por amor de Cristo”,
como exemplificado na vida dos apóstolos, tão comovedoramente colocado diante de
nós nos versos que seguem. Quanto ao que concerne a este mundo, a porção dos
apóstolos era mais como aquela das infelizes criaturas que eram marcadas para morrer e
eram guardadas para a última cena nos grandes espetáculos romanos. Os espectadores
não são simplesmente a audiência de feriado de um anfiteatro, mas o mundo, os anjos e
os homens. Bem, na verdade, para nos lembrar de que a igreja é o livro de instrução
“dos principados e potestades nos lugares celestiais” (Ef 3:10).
Quando lemos esses versos, aprendemos como o mundo viu esses fiéis seguidores
de Cristo, as circunstâncias de tentação pelas quais passaram, e a forma pela qual o
mundo os tratou.

(Verso 10). O mundo os viu como “loucos” e “fracos”, e conseqüentemente os
desprezou. Mas estavam contentes por serem considerados loucos “por amor de Cristo”.
Infelizmente, muito freqüentemente, como os crentes em Corinto, podemos ser tentados
a usar o nosso conhecimento de Cristo para parecermos sábios aos olhos do mundo, e
obtermos o poder e a honra no mundo.

(Versos 11-13). Quanto ás circunstâncias, os Coríntios eram “fartos” e “ricos”
(verso 8), mas esses apóstolos dedicados tiveram de enfrentar a “fome e a sede”. Às
vezes estavam nus e eram esbofeteados pelas tempestades da vida. Eles tiveram que
vagar “sem pousada certa”, e se afadigar, trabalhando com as suas próprias mãos para
satisfazerem as suas necessidades. Quanto ao tratamento que receberam do mundo,
eram “injuriados”, “perseguidos” e “blasfemados”. Sem embargo, o tratamento que
receberam serviu apenas para arrancar deles um testemunho de Cristo, visto que quando
injuriados, abençoaram, quando perseguidos, pacientemente se submeteram, e quando
insultados, rogaram.

Quanto ao que concerne a este mundo, o apóstolo tratou toda a sua glória como
perda e escória (Fp 3:8), enquanto o mundo, do seu lado, tratou os apóstolos como lixo
e escória de todos. Como de forma abençoada esses ministros seguiram nos passos do
seu Mestre, e, em parte, compartilharam dos Seus sofrimentos nas mãos dos homens.
Segundo a Sua perfeita estimativa da fidelidade deles, terão o Seu louvor e
compartilharão da Sua glória naquele dia por vir.

(Versos 14-16). Esta descrição maravilhosa do poder da cristandade, como
mostrada nos apóstolos, deve ter envergonhado os Coríntios, como, de fato, envergonha
a todos nós. Sem embargo, o apóstolo não escreve para envergonhá-los como inimigos,
mas para avisá-los como filhos amados na fé. Eles podem ter dez mil instrutores, mas
um pai em Cristo, por isso os admoesta a serem imitadores do pai deles.


(Verso 17). Para que possam ser os seus imitadores, o apóstolo enviou a Timóteo
para lembrá-los dos seus “caminhos em Cristo”. Se ele deseja que imitemos a ele
mesmo, é apenas naquilo em que os seus caminhos estão em Cristo, assim como de
forma abençoada foi trazido diante de nós na conta que acaba de dar da vida dos
ministros fiéis. De Timóteo também pode dizer que ele comprovou ser “fiel no Senhor”.
Além disso, Timóteo testemunharia que “os caminhos em Cristo” do apóstolo eram os
mesmos em cada igreja. Os homens introduziram em seus sistemas auto-constituídos
caminhos segundo as suas próprias idéias. Para aquele que se curvam à Escritura não há
nenhum outro caminho além daquele que o apóstolo ensinou “por toda a parte em cada
igreja”.

(Versos 18-21). Infelizmente, antes assim como agora “alguns andam inchados” e
inteiramente indiferentes ao ensinamento inspirado do apóstolo. Quanto a isso o
apóstolo indica que a verdadeira prova de espiritualidade não está no discurso, mas no
poder da vida. Quanto ao que concerne ao discurso, o apóstolo tem que nos advertir um
pouco depois que podemos falar como um anjo e, contudo, não sermos nada. O reino de
Deus não é meramente constituído pelas nossas palavras, mas no que somos como
manifestado pelo poder espiritual (1 Co 2:4, 5). O apóstolo pergunta como irá até eles?
Será com uma vara para punir, ou em amor e espírito de mansidão para edificar?
Podemos muito bem perguntar, como ele viria à cristandade de hoje; como ele viria a
nós?

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