sábado, 9 de setembro de 2017

A supremacia de Cristo


A supremacia de Cristo


Colossos ficava a sudoeste da Frígia, na Ásia Menor, às margens do rio Lico. A cidade foi importante no século V a.C.. Depois foi perdendo sua importância diante do crescimento de Laodicéia, a 18 km, e Hierápolis (Col.4.13). O livro de Apocalipse confirma que Laodicéia era uma cidade rica (Ap.3.18).
Colossos perdeu sua importância devido à mudança no sistema de estradas. Isso passou a beneficiar Laodicéia.
A cidade dos colossenses foi destruída no século 12 d.C.. Escavações arqueológicas realizadas em 1835 descobriram um teatro e um cemitério da cidade.


FUNDAÇÃO DA IGREJA

A igreja em Colossos deve ter sido fundada por Epafras. Isso não está claro no Novo Testamento, mas parece ser uma dedução coerente com as palavras de Paulo (Col. 1.7,8). É provável que Paulo nunca tenha estado em Colossos. Isso é deduzido de Col. 2.1. Apesar de tantas questões incertas sobre a fundação da igreja, o que sabemos com certeza é que a mesma estava sob a liderança de Epafras, como também ocorria com as igrejas de Laodicéia e Hierápolis (Col. 4.12-13). O texto de Colossenses 4 e também o de Filemom 23 nos dão a entender que Epafras estava preso juntamente com Paulo, quando este escreve as chamadas "epístolas da prisão": Efésios, Filipenses, Colossenses e Filemom. Essa circunstância comum às quatro cartas faz com que haja algumas semelhanças entre elas, principalmente entre Efésios e Colossenses (Exemplo: Ef.6.21-22 e Col. 4.7,9 e Fm.10,23,24.)

ESBOÇO

I - Introdução - 1.1-8
II - Oração pelos colossenses - 1.9-12. (por riquezas espirituais)

III - A excelência da pessoa e da obra de Cristo. - 1.13-23
IV - Trabalhos, sofrimentos e cuidado de Paulo pelos colossenses - 1.24 a 2.7.
V - Exortação contra filosofias e heresias - 2.8-23.
VI - Exortação à santidade e ao amor fraternal - 3.1-17.
VII - Exortação quanto aos deveres domésticos,
à oração, e às relações sociais - 3.18 a 4.6
VIII - Conclusão e saudações - 4.7-18.

COMENTÁRIO
DIVISÃO DO LIVRO

Como já é comum no estilo paulino, a epístola apresenta duas partes: doutrina (cap. 1 e 2) e aplicação prática (3 e 4). Paulo mostra de modo bastante consciente o valor do conhecimento e da experiência. Precisamos também valorizar as duas coisas, as quais precisam andar juntas (Os.4.6; Tg.1.22). O conhecimento isolado é inútil. Na oportunidade em que puder ser aplicado, então torna-se proveitoso. Se conhecermos a doutrina mas não a colocarmos em prática, a mesma será inútil. Por outro lado, a busca da experiência por parte de quem despreza o conhecimento, torna-se uma aventura perigosa. Quem busca apenas experiências espirituais e não quer aprender nada sobre Deus e sobre a bíblia, poderá, eventualmente, ter uma experiência com o inimigo e ser enganado. 


Observe em Colossenses 2.18, que as visões podem estar ligadas ao engano. Sabemos que Deus também dá visões (Joel 2.28), mas estas estarão sempre coerentes com a bíblia. Portanto, o conhecimento será o filtro para a experiência. O conhecimento é a base para o discernimento. Em Mateus 4, Jesus, ao ser tentado, combateu o inimigo através da Palavra de Deus, à qual Cristo conhecia de cor, sabendo também o seu real significado.
Na parte prática, Paulo dá instruções para os pais, esposas, maridos, filhos, servos e senhores. Orienta também em relação à oração, à pureza e liberdade cristã.

O PROBLEMA DOS COLOSSENSES
JUDAÍSMO E GNOSTICISMO

Epafras levou ao conhecimento de Paulo a situação dos Colossenses. O "relatório" apresentava dois aspectos importantes. Em primeiro lugar, foi dado testemunho a respeito da fé, do amor e do crescimento daquela igreja (1.4-8; 2.5). A outra informação dava conta de que alguns líderes estavam se infiltrando na comunidade e levando influências judaicas e filosóficas (2.8). Esses elementos estavam se misturando e produzindo heresias. A parte filosófica em questão era a doutrina dos gnósticos. Juntando tudo isso, os irmãos estavam sendo pressionados em relação aos seguintes pontos:
  • Valorização dos mistérios do gnosticismo.
  • Adoração a anjos, aos quais os gnósticos atribuíam a obra da criação.
  • Ascetismo exterior: abstinência de comidas e bebidas (influência gnóstica e judaica).
  • Observância da lei mosaica (influência judaica).
- Prática da circuncisão.
- Comemoração das festas judaicas.
- Guarda do sábado.
Os gnósticos acreditavam que o mal estava ligado à matéria. Este conceito produzia outros bastantes perigosos. Criam que, sendo a matéria má, então não foi Deus quem a criou, mas sim os anjos. Se a matéria é má, então a encarnação divina não poderia ser considerada um fato nem uma possibilidade. Assim, estava criado um sistema doutrinário que negava a divindade de Cristo e a obra da cruz.

Apesar de não ser diretamente responsável pela igreja em Colossos, Paulo reage energicamente contra aquelas heresias que ameaçavam a sã doutrina. Em seu combate, Paulo destaca a supremacia de Cristo. A sua divindade e a sua obra na cruz eram elementos plenamente suficientes para a refutação de todos aqueles ensinamentos judaicos e filosóficos (2.8-10). Se forma incisiva, Paulo derruba todos aqueles sofismas. Ele destaca que o mistério que nos interessa é Cristo, o qual já foi revelado a nós. Então, de nada importam os mistérios gnósticos (Col. 1.26-27; 2.2-3; 4.3). Se conhecemos a Cristo, não precisamos inquirir sobre nenhum outro mistério religioso ou filosófico. O nome gnosticismo vem do termo "gnose", que significa conhecimento. Paulo usa a mesma palavra para mostrar que o conhecimento de Deus através de Cristo é suficiente para suprir as necessidades espirituais do homem (Col. 1.9-10,27-28; 2.2-3; 3.16)
O gnosticismo atribuía a criação aos anjos, colocando-os como objeto de culto (2.18). A isso, Paulo combate ao dizer que Cristo, sendo Deus, é o criador de todas as coisas, inclusive dos anjos (1.13-17). Acrescenta ainda, que o Senhor Jesus está acima de todos os poderes angelicais, sejam eles principados ou potestades, os quais estão sujeitos ao senhorio de Cristo (2.10,15). Adorando anjos, os gnósticos estavam, de fato, adorando demônios, pois os anjos de Deus não recebem culto. Paulo associa os "anjos dos gnósticos" aos demônios quando diz que Cristo despojou os principados e potestades, expondo-os ao desprezo.


Com relação às questões judaicas, Paulo insiste naqueles pontos já presentes nas outras epístolas. Cristo já nos resgatou do domínio das exigências cerimoniais da lei. Ele a cravou na cruz (2.14). O significado de Cristo em nós (1.27) supre totalmente o que poderíamos buscar através da circuncisão (2.11; 3.11), ou das festas, ou dos sábados (2.16-17). Já temos Cristo. Então não precisamos mais desses elementos judaicos, os quais possuíram o seu valor numa época em que Cristo não tinha vindo ao mundo. Paulo diz que aqueles elementos do judaísmo eram "sombra". Cristo é a realidade. Não precisamos mais da sombra. O autor da carta aos Hebreus usa a mesma linguagem para comparar a lei e o judaísmo com a realidade cristã (Hb.8.5; 10.1).

Os judaizantes e os gnósticos traziam um fardo de mandamentos exteriores para os gentios convertidos ao cristianismo. Contudo, suas leis atingiam apenas questões superficiais e até supérfluas. Afirmando que a matéria é má, os gnósticos impunham severas regras de alimentação e disciplina. Contudo, nada disso seria útil ao espírito. Tal rigor poderia até ter utilidade para o corpo, mas era inútil para a alma e não poderia ser colocado como questão espiritual, religiosa, ou relacionada à salvação eterna. No capítulo 3, Paulo fala do que realmente afeta a alma humana: o pecado. De que adiantariam tantas ordenanças e rituais se o pecado continuasse ocorrendo livremente. Então, o apóstolo toca no que realmente era importante para os colossenses e continua importante para nós. Ao invés de ficar preocupados com questões de alimentação, eles deviam se preocupar em combater a prostituição, a avareza, a impureza, etc, pois estes elementos atrairíam a ira de Deus sobre os homens (Col. 3.5-6). Falando assim, Paulo mostra que, enquanto os gnósticos associavam o mal à matéria, o mal está é no pecado, na natureza pecaminosa do homem, e não na matéria em si. 

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