Colossos
ficava a sudoeste da Frígia, na Ásia Menor, às margens do rio Lico. A cidade
foi importante no século V a.C.. Depois foi perdendo sua importância diante do
crescimento de Laodicéia, a 18 km, e Hierápolis (Col.4.13). O livro de
Apocalipse confirma que Laodicéia era uma cidade rica (Ap.3.18).
Colossos
perdeu sua importância devido à mudança no sistema de estradas. Isso passou a
beneficiar Laodicéia.
A
cidade dos colossenses foi destruída no século 12 d.C.. Escavações
arqueológicas realizadas em 1835 descobriram um teatro e um cemitério da
cidade.
FUNDAÇÃO DA IGREJA
A
igreja em Colossos deve ter sido fundada por Epafras. Isso não está claro no
Novo Testamento, mas parece ser uma dedução coerente com as palavras de Paulo
(Col. 1.7,8). É provável que Paulo nunca tenha estado em Colossos. Isso é
deduzido de Col. 2.1. Apesar de tantas questões incertas sobre a fundação da
igreja, o que sabemos com certeza é que a mesma estava sob a liderança de
Epafras, como também ocorria com as igrejas de Laodicéia e Hierápolis (Col.
4.12-13). O texto de Colossenses 4 e também o de Filemom 23 nos dão a entender
que Epafras estava preso juntamente com Paulo, quando este escreve as chamadas "epístolas
da prisão": Efésios, Filipenses, Colossenses e Filemom. Essa circunstância
comum às quatro cartas faz com que haja algumas semelhanças entre elas,
principalmente entre Efésios e Colossenses (Exemplo: Ef.6.21-22 e Col. 4.7,9 e
Fm.10,23,24.)
ESBOÇO
I
- Introdução - 1.1-8
II
- Oração pelos colossenses - 1.9-12. (por riquezas espirituais)
III
- A excelência da pessoa e da obra de Cristo. - 1.13-23
IV
- Trabalhos, sofrimentos e cuidado de Paulo pelos colossenses - 1.24 a 2.7.
V
- Exortação contra filosofias e heresias - 2.8-23.
VI
- Exortação à santidade e ao amor fraternal - 3.1-17.
VII
- Exortação quanto aos deveres domésticos,
à
oração, e às relações sociais - 3.18 a 4.6
VIII
- Conclusão e saudações - 4.7-18.
COMENTÁRIO
DIVISÃO
DO LIVRO
Como
já é comum no estilo paulino, a epístola apresenta duas partes: doutrina
(cap. 1 e 2) e aplicação prática (3 e 4). Paulo mostra de modo bastante
consciente o valor do conhecimento e da experiência. Precisamos
também valorizar as duas coisas, as quais precisam andar juntas (Os.4.6;
Tg.1.22). O conhecimento isolado é inútil. Na oportunidade em que puder ser
aplicado, então torna-se proveitoso. Se conhecermos a doutrina mas não a
colocarmos em prática, a mesma será inútil. Por outro lado, a busca da
experiência por parte de quem despreza o conhecimento, torna-se uma aventura
perigosa. Quem busca apenas experiências espirituais e não quer aprender nada
sobre Deus e sobre a bíblia, poderá, eventualmente, ter uma experiência com o
inimigo e ser enganado.
Observe em Colossenses 2.18, que as visões podem estar ligadas ao engano. Sabemos que Deus também dá visões (Joel 2.28), mas estas estarão sempre coerentes com a bíblia. Portanto, o conhecimento será o filtro para a experiência. O conhecimento é a base para o discernimento. Em Mateus 4, Jesus, ao ser tentado, combateu o inimigo através da Palavra de Deus, à qual Cristo conhecia de cor, sabendo também o seu real significado.
Observe em Colossenses 2.18, que as visões podem estar ligadas ao engano. Sabemos que Deus também dá visões (Joel 2.28), mas estas estarão sempre coerentes com a bíblia. Portanto, o conhecimento será o filtro para a experiência. O conhecimento é a base para o discernimento. Em Mateus 4, Jesus, ao ser tentado, combateu o inimigo através da Palavra de Deus, à qual Cristo conhecia de cor, sabendo também o seu real significado.
Na
parte prática, Paulo dá instruções para os pais, esposas, maridos, filhos,
servos e senhores. Orienta também em relação à oração, à pureza e liberdade
cristã.
O
PROBLEMA DOS COLOSSENSES
JUDAÍSMO
E GNOSTICISMO
Epafras
levou ao conhecimento de Paulo a situação dos Colossenses. O
"relatório" apresentava dois aspectos importantes. Em primeiro lugar,
foi dado testemunho a respeito da fé, do amor e do crescimento daquela igreja
(1.4-8; 2.5). A outra informação dava conta de que alguns líderes estavam se
infiltrando na comunidade e levando influências judaicas e filosóficas (2.8).
Esses elementos estavam se misturando e produzindo heresias. A parte filosófica
em questão era a doutrina dos gnósticos. Juntando tudo isso, os irmãos estavam
sendo pressionados em relação aos seguintes pontos:
- Valorização dos mistérios do
gnosticismo.
- Adoração a anjos, aos quais os
gnósticos atribuíam a obra da criação.
- Ascetismo exterior: abstinência
de comidas e bebidas (influência gnóstica e judaica).
- Observância da lei mosaica
(influência judaica).
- Prática da circuncisão.
- Comemoração das festas judaicas.
- Guarda do sábado.
Os
gnósticos acreditavam que o mal estava ligado à matéria. Este conceito produzia
outros bastantes perigosos. Criam que, sendo a matéria má, então não foi Deus
quem a criou, mas sim os anjos. Se a matéria é má, então a encarnação divina
não poderia ser considerada um fato nem uma possibilidade. Assim, estava criado
um sistema doutrinário que negava a divindade de Cristo e a obra da cruz.
Apesar
de não ser diretamente responsável pela igreja em Colossos, Paulo reage
energicamente contra aquelas heresias que ameaçavam a sã doutrina. Em seu
combate, Paulo destaca a supremacia de Cristo. A sua divindade e a sua obra na
cruz eram elementos plenamente suficientes para a refutação de todos aqueles
ensinamentos judaicos e filosóficos (2.8-10). Se forma incisiva, Paulo derruba
todos aqueles sofismas. Ele destaca que o mistério que nos interessa é
Cristo, o qual já foi revelado a nós. Então, de nada importam os mistérios
gnósticos (Col. 1.26-27; 2.2-3; 4.3). Se conhecemos a Cristo, não precisamos
inquirir sobre nenhum outro mistério religioso ou filosófico. O nome
gnosticismo vem do termo "gnose", que significa conhecimento. Paulo
usa a mesma palavra para mostrar que o conhecimento de Deus através de
Cristo é suficiente para suprir as necessidades espirituais do homem (Col.
1.9-10,27-28; 2.2-3; 3.16)
O
gnosticismo atribuía a criação aos anjos, colocando-os como objeto de
culto (2.18). A isso, Paulo combate ao dizer que Cristo, sendo Deus, é o
criador de todas as coisas, inclusive dos anjos (1.13-17). Acrescenta ainda,
que o Senhor Jesus está acima de todos os poderes angelicais, sejam eles
principados ou potestades, os quais estão sujeitos ao senhorio de Cristo
(2.10,15). Adorando anjos, os gnósticos estavam, de fato, adorando demônios,
pois os anjos de Deus não recebem culto. Paulo associa os "anjos dos
gnósticos" aos demônios quando diz que Cristo despojou os principados e
potestades, expondo-os ao desprezo.
Com
relação às questões judaicas, Paulo insiste naqueles pontos já presentes
nas outras epístolas. Cristo já nos resgatou do domínio das exigências
cerimoniais da lei. Ele a cravou na cruz (2.14). O significado de Cristo em nós
(1.27) supre totalmente o que poderíamos buscar através da circuncisão (2.11;
3.11), ou das festas, ou dos sábados (2.16-17). Já temos Cristo. Então não
precisamos mais desses elementos judaicos, os quais possuíram o seu valor numa
época em que Cristo não tinha vindo ao mundo. Paulo diz que aqueles elementos
do judaísmo eram "sombra". Cristo é a realidade. Não precisamos mais
da sombra. O autor da carta aos Hebreus usa a mesma linguagem para comparar a
lei e o judaísmo com a realidade cristã (Hb.8.5; 10.1).
Os
judaizantes e os gnósticos traziam um fardo de mandamentos exteriores para os
gentios convertidos ao cristianismo. Contudo, suas leis atingiam apenas
questões superficiais e até supérfluas. Afirmando que a matéria é má, os
gnósticos impunham severas regras de alimentação e disciplina. Contudo, nada
disso seria útil ao espírito. Tal rigor poderia até ter utilidade para o corpo,
mas era inútil para a alma e não poderia ser colocado como questão espiritual,
religiosa, ou relacionada à salvação eterna. No capítulo 3, Paulo fala do que
realmente afeta a alma humana: o pecado. De que adiantariam tantas ordenanças e
rituais se o pecado continuasse ocorrendo livremente. Então, o apóstolo toca no
que realmente era importante para os colossenses e continua importante para
nós. Ao invés de ficar preocupados com questões de alimentação, eles deviam se
preocupar em combater a prostituição, a avareza, a impureza, etc, pois estes
elementos atrairíam a ira de Deus sobre os homens (Col. 3.5-6). Falando assim,
Paulo mostra que, enquanto os gnósticos associavam o mal à matéria, o mal está
é no pecado, na natureza pecaminosa do homem, e não na matéria em si.
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