domingo, 25 de março de 2018

O que Paulo quis dizer ?
















O que Paulo quis dizer?



Há uma idéia-chave que se sobressai em alto-relevo nestes parágrafos escritos aos Filipenses. É a idéia de relacionamentos. Quatro afirmativas descrevem os rela­cionamentos de Paulo com os Filipenses cristãos; estas afirmativas, por sua vez, formam os pontos básicos que serão desenvolvidos neste capítulo.



A. "Dou graças ao meu Deus por tudo que recordo de vós" (1:3)

Esta passagem ensina que os relacionamentos huma­nos íntimos e o incentivo para a oração estão intimamen­te interligados. De fato, a oração ganha significado no contexto dos relacionamentos humanos. Paulo demonstrou esta verdade de maneira dramática em sua carta aos cristãos Filipenses. Suas orações de ações de graça eram motivadas por recordações agradá­veis—recordações de gente que ele conhecia e amava.
Para a maioria de nós as recordações desvanecem. Até mesmo os relacionamentos mais íntimos logo são esque­cidos. Pense nisso por alguns instantes. Pense nos relacionamentos de sua infância—os amigos que você pensava nunca esqueceria! Pense em sua juventude—os colegas com quem brincou, as garotas que namorou!
Alguns dos leitores mudaram-se de um lugar para outro nos últimos anos, deixando para trás amigos e parentes que pensavam jamais poder deixar. Contudo, aqui estão vocês! Quanta saudade sentem deles agora? Alguns deles—ora, vocês até mesmo se esqueceram de seus nomes.
Quão rapidamente nos esquecemos. Quão rapida­mente as recordações de lágrimas vertidas na separação desaparecem e se apagam no passado. Quão rápidamente até mesmo aqueles que tiveram um impacto gigantesco em nossa vida. como nossos pais, se transfor­mam em uma recordação tão desbotada que não podemos lembrar-nos do motivo pelo qual nos eram tão importantes nos anos que se foram.
Tal é a tragédia de muitos relacionamentos humanos, até mesmo entre cristãos. Infelizmente, os relacionamen­tos podem não ter profundidade.
Mas isso não acontecia no relacionamento de Paulo com os cristãos Filipenses, e no deles com Paulo. Toda vez que ele se recordava deles, dava graças a Deus por eles. Mas havia um motivo. O contexto da afirmativa de Paulo, como veremos, explica o por quê.

B. "Fazendo sempre, com alegria, súplicas por todos vós (1:4)
Toda vez que Paulo se lembrava dos cristãos Filipenses ele dava graças a Deus por eles! E toda vez que ele dava graças a Deus por eles, era uma oração de alegria. Em outras palavras, suas recordações eram positivas; conse­qüentemente, suas orações, também, eram experiências felizes. O motivo para a oração não se relaciona apenas com a qualidade dos relacionamentos humanos; quanto mais significativos os relacionamentos, tanto mais exci­tante a experiência de oração.
A motivação de Paulo em orar pelos Filipenses basea­va-se em dois fatores: primeiro, o relacionamento contí­nuo e crescente que tinham uns com os outros (1:5); segundo, a evidência que este relacionamento produzia no tocante à realidade de sua experiência cristã (1:6).



1. Um relacionamento contínuo e crescente

"Fazendo sempre,  com alegria,  súplicas por todos vós", disse Paulo, "pela vossa cooperação no evangelho, desde o primeiro dia até agora." Desde o primeiro momento em que Paulo teve êxito em ganhar alguém para Jesus Cristo em Filipos, experimentou um espírito ardente e cooperativo na obra do evangelho (Atos 16:13-15). Lídia, vendedora de vestes de púrpura. e prosélita do Judaísmo, foi a primeira pessoa a aceitar o evangelho de Cristo. Então sua casa toda tornou-se cristã.
É provável, porém, que o acontecimento mais memo­rável do relacionamento de Paulo com Lídia se deu quando ela insistiu em que Paulo e seus companheiros missionários (Silas, Timóteo e Lucas) ficassem em sua casa. usando-a como uma base para suas operações espirituais (Atos 16:15). Pode ser também que seu lar se tenha tornado no primeiro lugar de reuniões para os novos crentes de Filipos.

Paulo recordava-se deste acontecimento e possivel­mente se referia a ele quando escreveu que orava com alegria por causa de sua "cooperação no evangelho desde o primeiro dia" (1:5).
Paulo ainda testifica que esta "cooperação no evange­lho" foi "desde o primeiro dia até agora". O relaciona­mento e companheirismo no evangelho que teve início no lar de Lídia, nos primeiros dias da igreja filipense, era uma experiência contínua. Muitas e muitas vezes, depois de Paulo ter deixado Filipos a fim de começar novas igrejas, estes cristãos haviam-lhe mandado dádivas para suprir as necessidades materiais dele (4:15, 16). Agora, uma vez mais. haviam-lhe mandado uma dádiva en­quanto ele se encontrava numa prisão romana. Epafrodito, talvez um ancião ou bispo da igreja de Filipos, havia entregue a dádiva, quase perdendo a vida ao fazê-lo (2:29, 30).
Epafrodito voltou a Filipos levando a carta de Paulo, escrita com profundo sentimento e significado: "Fazendo sempre, com alegria, súplicas por todos vós, em todas as minhas orações, pela vossa cooperação no evangelho, desde o primeiro dia até agora" (1:4, 5).


























2. Um relacionamento que demonstrava a realidade

A motivação de Paulo em orar por estes cristãos também estava baseada neste segundo fator, que resulta naturalmente do primeiro: o idoso apóstolo estava bem certo de que a experiência de salvação dos Filipenses era real e verdadeiramente obra de Deus nos seus corações. Suas orações de ações de graça por estes cristãos eram também de alegria, pois ele confiava que Deus "que começou a boa obra" nestas pessoas haveria de comple­tá-la até o dia em que Cristo Jesus viesse (1:6).
Esta "boa obra" a que Paulo se referia era. sem dúvida, primeiramente, a obra da redenção de Deus em seus próprios corações—tomando-os novas criaturas em Cristo (2 Coríntios 5:17). Mais especificamente, Paulo provavelmente referia-se ã "boa obra" da participação na obra da redenção e reconciliação em favor de outros (2 Coríntios 5:18-21). Com cada dádiva que enviavam para sustentar a obra de Paulo, partilhavam da realização da grande comissão de nosso Senhor (Mateus 28:19, 20; Filipenses 4:17).



C. "Porque vos trago no coração. . ." (1:7)

A próxima afirmativa de Paulo indica ainda mais por completo quão perto ele se sentia dos Filipenses espiritual e emocionalmente. Embora distante deles fisicamente, ele percebia uma unidade em Cristo que ultrapassava toda explicação. Em Cristo, a "unidade do Espírito" e a experiência de ser "um corpo em Cristo" com estes crentes não eram destruídas pela distância.
Assim, Paulo compreendia por que ele se sentia tão perto destas pessoas. "E justo", disse ele, "que eu assim pense de todos vós, porque vos trago no coração." Em outras palavras, Paulo dizia: "vocês, Filipenses, são um comigo. . . percebo-o. . . sinto-o. . . conheço-o pela ex­periência—embora vocês se encontrem a quilômetros de distância."
Paulo então deu testemunho mais específico da razão da existência deste relacionamento: "seja nas minhas algemas [preso a um guarda romano], seja na defesa e confirmação do evangelho [pregando em meio à oposi­ção], pois todos sois participantes da graça comigo" (1:7). Paulo parecia perceber, embora estivesse longe, que os Filipenses estavam juntos dele, partilhando da experiência maravilhosa da graça de Deus, capacitando-o a realizar sua missão neste mundo a despeito das circunstâncias adversas,
Eles também sofriam por Cristo, e Paulo tinha cons­ciência de tal sofrimento. Assim, Paulo disse mais tarde nesta carta: "Porque vos foi concedida a graça de padecerdes por Cristo, e não somente de crerdes nele, pois tendes o mesmo combate que vistes em mim e ainda agora ouvis que o é meu" (1:29, 30). Tanto Paulo quanto os Filipenses tinham a graça de Deus que os capacitava a serem verdadeiros ao seu chamado em Cristo.

D. "Da saudade que tenho de todos vós..." (1:8)
Embora Paulo experimentasse à distância a unidade e "presença" dos Filipenses, tal experiência não era substi­tuto para um relacionamento pessoal. O apóstolo era um ser humano como você e eu. Ele se sentia só, e seu coração almejava ver os Filipenses e aumentar-lhes o progresso e alegria na fé (2:24). O amor que dominava seu ser total era o próprio amor de Cristo que havia sido derramado em seu coração pelo Espírito Santo (1:8; Romanos 5:5). Embora ele não fosse um ser sobre-humano, era controlado por um Deus sobrenatural que o capacitava a amar os outros de uma maneira sobrenatu­ral.

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